março 25, 2025

A Argentina de Milei vista pela Folha e pela BBC
A Argentina de Milei vista pela Folha e pela BBC

O contraste entre as reportagens da Folha de São Paulo e da BBC Brasil sobre a situação econômica da Argentina sob o governo de Javier Milei revela duas perspectivas distintas. Enquanto a Folha adota um tom otimista e destaca sinais de recuperação econômica, a BBC enfatiza o impacto social negativo das políticas do governo, especialmente sobre os idosos.

A Folha de São Paulo ressalta as previsões de crescimento para 2025, mencionando a projeção da OCDE de um aumento de 5,7% no PIB argentino. Esse dado sugere que o ajuste fiscal implementadas por Milei podem colocar o país em uma trajetória de forte expansão. Além disso, a Folha argumenta que os sacrifícios impostos à população, inclusive aos aposentados, são consequência de anos de má gestão econômica e não podem ser em vão. A narrativa implícita é de que os custos sociais do ajuste são um preço necessário para a estabilidade futura.

As perspectivas parecem favoráveis em 2025. A projeção mais recente da OCDE é de crescimento de 5,7%, que, se confirmado, posicionaria a Argentina como uma das economias de maior expansão na América Latina.

(...) Resultantes de anos de má gestão, os sacrifícios do país, ora refletidos em protestos de aposentados, não podem ser em vão. (Folha de São Paulo, 2025).

Por outro lado, a BBC Brasil foca nas consequências imediatas das políticas de Milei sobre os idosos. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo da Argentina (Indec), a pobreza entre aqueles com mais de 65 anos quase dobrou no primeiro semestre do governo, passando de 17,6% para 29,7%. Esse dado sugere que, independentemente das previsões macroeconômicas otimistas, a realidade atual para uma parcela significativa da população é de deterioração das condições de vida. A abordagem da BBC dá ênfase ao custo humano das reformas econômicas.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo da Argentina (Indec, na sigla em inglês), entre os maiores de 65 anos, o índice de pobreza praticamente dobrou no primeiro semestre do governo Milei, que corresponde aos últimos números disponíveis. Em comparação com os seis meses anteriores, o número de pobres passou de 17,6% para 29,7%. (BBC Brasil, 2025).

O ponto de maior contraste entre as duas reportagens está na forma como o aumento da pobreza entre os aposentados é interpretado. Para a Folha, esse fenômeno é um efeito colateral de um processo necessário de correção dos erros do passado, sugerindo que a dor sentida agora será compensada por uma recuperação futura. Já a BBC apresenta esse aumento da pobreza como um problema imediato e concreto, destacando os impactos sociais adversos das políticas de austeridade.

Essa divergência evidencia uma debate público maior, que extrapola os jornais. De um lado, há aqueles que defendem que as medidas são necessárias para um futuro melhor; de outro, há quem argumente existir formas alternativas de lidar com a crise sem prejudicar os mais vulneráveis. Cabe ao leitor determinar qual jornal apresenta uma visão mais criteriosa da realidade.

Fontes:
- BBC Brasil. Como idosos viraram um dos grupos mais afetados por políticas de Milei na Argentina: 'Maioria está abaixo da linha da pobreza'. 2025.
- Folha de São Paulo. Ano de sacrifício termina com recuperação na Argentina. 2025.

Últimas modificações25/03/2025

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