abril 02, 2025

Inconsistências nas análises de Hélio Schwartsman
Inconsistências nas análises de Hélio Schwartsman

Hélio Schwartsman é um colunista conhecido por suas análises sobre assuntos variados, mas ao contrastarmos algumas de suas abordagens políticas em diferentes momentos históricos, percebemos inconsistências na maneira como ele enquadra determinados eventos e personagens. Este texto busca analisar e contrastar quatro artigos do colunista, considerando sua postura em relação ao impeachment de Dilma Rousseff, à inelegibilidade de Marine Le Pen e ao julgamento de Lula.

Inicialmente, quando do impeachment de Dilma Rousseff, Schwartsman adotou um tom categórico ao afirmar que o discurso de que o processo era um golpe estava "deslocado da realidade". Em contraste, ao comentar a inelegibilidade de Marine Le Pen, ele abriu espaço para uma relativização ao afirmar que "há duas maneiras de interpretar a inelegibilidade imposta a Marine Le Pen". O uso dessa estrutura argumentativa sugere uma abertura maior para a contestação do caso francês do que houve para o brasileiro.

Outro ponto de contraste está na maneira como Schwartsman qualificou os julgadores políticos de Dilma Rousseff e os julgadores jurídicos de Marine Le Pen. No primeiro caso, ele buscou dar credibilidade aos parlamentares brasileiros, argumentando que "não estamos falando de parlamentares que sempre foram hostis ao PT e jamais lhe deram uma chance de governar". Já no julgamento de Le Pen, sua postura foi diferente, pois ele reconheceu a possibilidade de que "a instrumentalização de tribunais para fazer política é, infelizmente, uma realidade".

A análise das provas também revela uma assimetria na argumentação. No julgamento de Lula, Schwartsman sustentou que "o que mais há nos autos do processo são provas, juntadas tanto pela acusação como pela defesa", e mesmo com as revelações da Vaza Jato, ele reafirmou que "não há sugestão de que Moro e os procuradores tenham interferido na realidade fática das provas". No caso de Marine Le Pen, porém, ele evitou discutir as provas, justificando que "não há como fazê-lo direito sem mergulhar nas minudências do processo e sem conhecer bem as leis de cada país". Essa postura denota uma seletividade na maneira como o colunista se engaja com o mérito das acusações contra figuras políticas de espectros ideológicos distintos.

Por fim, o conceito de lawfare, amplamente debatido na esfera jurídica e política, foi mencionado por Schwartsman em momentos distintos nos casos de Lula e Le Pen. Em suas colunas, ele raramente abordou a narrativa petista de que Lula foi vítima de lawfare e, quando o fez, foi apenas no contexto de uma generalização que incluía 'Lula, Bolsonaro, Trump, Le Pen etc.'. Ou seja, a aceitação da ideia de perseguição jurídica pareceu mais palatável ao colunista quando diluída em um contexto mais amplo, que incluísse políticos de diferentes orientações.

A comparação entre essas análises mostra que Hélio Schwartsman, em diferentes momentos, utilizou critérios distintos para avaliar eventos e personagens políticos. Chamamos isso de inconsistências.

Fontes:
- Folha de São Paulo. Hélio Schwartsman. A tragédia do normal. 2019.
- Folha de São Paulo. Hélio Schwartsman. Golpe ou fracasso? 2016.
- Folha de São Paulo. Hélio Schwartsman. Le Pen, lawfare ou justiça? 2025.
- Folha de São Paulo. Hélio Schwartsman. Lula foi condenado sem provas? 2018.

Últimas modificações02/04/2025

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