janeiro 31, 2025

O EVE-100
O EVE-100

A EVE Air Mobility, uma empresa ligada à Embraer, fundada em outubro de 2020, está desenvolvendo um veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL), que provavelmente receberá o nome EVE-100.

Antes mesmo da criação da EVE, em maio de 2018, a EmbraerX, uma organização da Embraer, já havia desenvolvido uma primeira arte conceitual de eVTOL. Esse modelo inicial possuía um único par de asas e um único propulsor, enquanto os quatro rotores de sustentação de cada asa estavam fixados em uma única estrutura.

A primeira versão do eVTOL da EVE contava com dois pares de "asas" e oito rotores horizontais – dois em cada "asa". Além disso, havia dois propulsores, um em cada "asa" traseira.

A segunda versão do eVTOL da EVE foi revelada ao público próximo a julho de 2022. Ela apresentava um design mais convencional em relação ao modelo inicial. Uma das mudanças mais evidentes foi a substituição dos dois pares de "asas" por um único par, que passou a abrigar os oito rotores (quatro em cada asa). Além disso, os dois propulsores foram adicionados a um estabilizador horizontal. Outra inovação foi a introdução de uma ligação estrutural entre cada asa e o estabilizador horizontal.

A terceira e mais recente versão do EVE-100 foi apresentada por volta de junho de 2023. A principal mudança foi a substituição dos dois propulsores por um único, ainda que ele seja alimentado por dois motores elétricos. Outro detalhe é a existência de dois estabilizadores verticais. A ligação entre as asas e o estabilizador horizontal foi mantida, mas agora cada conexão termina em um estabilizador vertical.

Versões do EVE-100
Download: Poder Aéreo (versão da EmbraerX), EVE (1ª versão da EVE), Airway (2ª versão da EVE) e Aeroin (3ª versão da EVE).

Ao longo do tempo, a previsão para a entrada em operação do modelo da empresa foi adiada. Em outubro de 2021, estimava-se que as operações tivessem início em 2026. No entanto, em janeiro de 2025, a expectativa passou a ser de 2027.

Apesar dos adiamentos, houve avanços significativos nesse ínterim, com o anúncio dos fornecedores do eVTOL, dos quais dois terços são europeus:

Data Anúncio
Junho de 2023
  • Criação da Nidec Aerospace, uma parceria entre a Embraer e a japonesa Nidec, responsável pelo sistema de propulsão elétrica. A sede da nova empresa será nos Estados Unidos, com suporte de unidades no México e no Brasil.
  • A britânica BAE Systems foi anunciada como fornecedora do sistema avançado de armazenamento de energia.
  • A francesa DUC Hélice Propellers fornecerá os rotores e hélices do eVTOL.
Novembro de 2023
  • A estadunidense Garmin fornecerá o aviônico (G3000).
  • A alemã Liebherr-Aerospace será responsável pelos atuadores eletromecânicos do sistema fly-by-wire.
  • A estadunidense Intergalactic fornecerá o sistema de gerenciamento térmico para baterias e outros componentes eletrônicos.
Janeiro de 2024
  • A francesa Thales fornecerá sensores e um computador.
  • A estadunidense Honeywell será responsável pelos sistemas de orientação, navegação e iluminação externa.
  • A alemã RECARO fornecerá os assentos.
  • A austríaca FACC será responsável pelo estabilizador horizontal e vertical, incluindo leme e profundor.
Fevereiro de 2024
  • A espanhola Aciturri fornecerá os revestimentos e longarinas das asas, além das bordas de ataque e de fuga.
  • A francesa Crouzet será responsável pelo joystick utilizado para controlar a aeronave em voo.
Abril de 2024
  • A sul-coreana Korea Aerospace Industries (KAI) fornecerá os pilones para as aeronaves elétricas.
Junho de 2024
  • A alemã KRD Luftfahrttechnik fornecerá as janelas de policarbonato.
  • A francesa Latecoere fornecerá as portas da aeronave.
  • As brasileiras Rallc e a Alltec fornecerão componentes da fuselagem.
Julho de 2024
  • A italiana ASE fornecerá os sistemas primários de distribuição de energia de alta e baixa tensão, além do conversor DC-DC de alta tensão.
  • A alemã Diehl Aviation foi escolhida para o design e produção do interior da aeronave.

Ao mesmo tempo em que anunciava os fornecedores, desde julho de 2023 é de conhecimento público que a montagem do EVE-100 será realizada no Brasil, em uma planta industrial da Embraer, que será ampliada em Taubaté (SP):

Assim, embora o cronograma tenha sido revisado, a maturidade que as versões do EVTOL vem alcançando, a estruturação da cadeia de suprimentos e a construção de sua primeira fábrica reforçam sua viabilidade e indicam avanços concretos no projeto.

Fontes:
- Aero Magazine. eVTOL da Eve ganhou mais quatro fornecedores. 2024.
- Alexandre Galante. Poder Aéreo. Embraer X revela primeiro conceito do eVTOL. 2018.
- Alexandre Saconi. UOL. Corrida para criar 'carro voador' tem bilhões investidos e Embraer na briga. 2021.
- Carlos Ferreira. Aeroin. Eve Air Mobility selecionou dois novos fornecedores para aeronave eVTOL. 2024.
- Carlos Ferreira. Aeroin. Eve revela quais empresas vão produzir o sistema de distribuição de energia e o interior do seu eVTOL. 2024.
- EVE. Eve announces Halo as launch partner in the Urban Air Mobility market with an order for 200 eVTOL aircraft. 2021.
- Guilherme Wiltgen. Defesa Aérea e Naval. Eve anuncia Garmin, Liebherr-Aerospace e Intergalactic como fornecedores para o eVTOL. 2023.
- Guilherme Wiltgen. Defesa Aérea e Naval. Eve seleciona a Thales, Honeywell, RECARO e FACC para o eVTOL que será fabricado em Taubaté. 2024.
- Luiz Padilha. Defesa Aérea e Naval. Eve seleciona KAI como fornecedora de pilones do eVTOL. 2024.
- Murilo Basseto. Aeroin. Anunciados os primeiros fornecedores para a aeronave eVTOL da Eve, incluindo a nova Nidec da Embraer e a BAE Systems. 2023.
- Murilo Basseto. Aeroin. Brasileira Voar Aviation assina acordo para avaliar compra de 70 aeronaves eVTOL da Eve Air Mobility. 2023.
- Ricardo Meier. Airway. ‘Carro voador’ da Embraer aciona motor pela primeira vez. 2025.
- Ricardo Meier. Airway. Embraer atualiza configuração do eVTOL da Eve. 2022.
- Thiago Vinholes. Airway. eVTOLs da Eve vão usar motores da Nidec Aerospace, nova empresa da Embraer com a japonesa Nidec. 2023.

Últimas modificações31/01/2025

janeiro 30, 2025

Regiões de Informação de Voo
Regiões de Informação de Voo

As Regiões de Informação de Voo (FIRs, na sigla em inglês) são espaços aéreos delimitados onde um órgão de controle é responsável por fornecer serviços de informação de voo e alerta às aeronaves. Cada país pode administrar uma ou mais FIRs dentro de seu território, sempre em conformidade com as regras da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). A existência dessas regras não compromete a soberania dos países sobre seu espaço aéreo.

No entanto, os serviços prestados dentro das FIRs não precisam, necessariamente, ser executados pelo próprio Estado onde está situada essa FIR.

Quase todo o espaço aéreo mundial está dividido em FIRs. Quando uma FIR abrange áreas do alto-mar, o país responsável por sua administração deve obter o consentimento dos Estados vizinhos. Isso não significa, porém, que essa porção do espaço aéreo passe a integrar o território nacional do país que presta o serviço.

O Brasil é responsável pelo controle de um espaço aéreo de aproximadamente 22 milhões de km², apesar de seu território terrestre ter "somente" um pouco mais de 8,5 milhões de km². Essa área controlada está dividida em cinco FIRs: Amazônica, Atlântico, Brasília, Curitiba e Recife. Além de cobrir uma grande extensão oceânica, a FIR Atlântico, sob controle brasileiro, inclui o fornecimento de informações de voo para aeronaves que decolam da Base Aérea da Ilha de Ascensão, um território ultramarino do Reino Unido.

Abaixo, é possível examinar as FIRs existentes no mundo. O shapefile é de autoria de Xavier Olive e Enrico Spinielli, retirado do Observable. O arquivo possui uma licença CC BY 4.0, e nós não fizemos nenhuma modificação nele. Recomendamos que você leia o excelente artigo que acompanha o shapefile (clique aqui).

Fontes:
- International Virtual Aviation Organisation. Documentation Library. Airspace structure. 2025.
- Xavier Olive e Enrico Spinielli. Observable. Flight Information Regions. 2024.

Últimas modificações21/04/2025

janeiro 27, 2025

Campos dos Goytacazes (RJ) e o Aquecimento Global
Campos dos Goytacazes (RJ) e o Aquecimento Global

O Aquecimento Global já está sendo sentido no Brasil de forma significativa, com uma série de eventos climáticos extremos registrados ao longo do século XXI que possuem consenso científico quanto à influência desse fenômeno em sua ocorrência. Entre esses eventos, destaca-se os episódios de chuvas torrenciais que resultaram em tragédias, como os deslizamentos de terra na região serrana do Rio de Janeiro em 2011 e as inundações em Santa Catarina em 2008.

A respeito da ligação entre o Aquecimento Global e questões locais, Arthur Soffiati chegou a seguinte conclusão sobre uma região inclusa em Campos dos Goytacazes (RJ):

Depois de chuvas intensas nos anos de 2007, 2008 e 2009, os anos de 2010, 2011, 2012 e início de 2013 revelam deficiência hídrica. (Soffiati, 2015, p. 168).

Assim, na Baixada dos Goytacazes, as mudanças climáticas globais podem estar criando uma época de fenômenos climáticos extremos, levando os estudiosos a lidar, possivelmente, com a imponderabilidade e com a imprevisibilidade. (Soffiati, 2015, p. 169-170).

Além dessas alternâncias referentes ao regime de chuva, uma outra ligação perceptível entre o fenômeno global e as condições climáticas locais se referem a temperatura da cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), já que nos últimos 60 anos foi possível identificar um aumento gradual nas temperaturas médias.

Para sustentar essa análise, foram utilizados dados das Normais Climatológicas do Brasil, referentes a Estação Meteorológica Convencional 83698 (nos períodos 1961-1990, 1981-2010 e 1991-2020), operadas pelo INMET:

Analisando a tabela, organizada por meses e abrangendo períodos de 30 anos, conforme recomendado pela literatura científica, é possível observar que a temperatura média mensal na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) apresentou aumento quase constante a partir de 1961, com a única exceção ocorrendo no mês de novembro entre os períodos de 1981-2010 e 1991-2020:

Normal Climatológica do Brasil
Temperatura Média Compensada (°C)
Campos dos Goytacazes (RJ)
Período Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
1961-1990 26,2 26,6 26,3 24,3 22,6 21,4 20,7 21,6 22,2 23,2 24,4 25,3
1981-2010 26,7 27,4 26,9 25,3 23,3 22 21,6 22,1 22,7 24 25 26,1
1991-2020 26,9 27,5 26,9 25,6 23,3 22,2 21,7 22,1 23 24,2 24,9 26,3

O que se depreende dos dados é que, entre 1961 e 2020, de maneira geral, a temperatura aumentou cerca de 0,7°C entre janeiro e março ("verão"), 0,9°C entre abril e junho ("outono"), 0,7°C entre julho e setembro ("inverno") e 0,8°C entre outubro e dezembro ("primavera")

Essas informações reforçam a necessidade de estudos que detalhem a influência do Aquecimento Global em cidades como Campos dos Goytacazes, considerando o regime de chuva e a temperatura.

Fontes:
- Arthur Soffiati. Chuvas e estiagens na ecorregião de São Tomé: o caso da Baixada dos Goytacazes. 2015.
- Instituto Nacional de Meteorologia. Normais Climatológicas do Brasil. 2025.

Últimas modificações27/01/2025

janeiro 26, 2025

Pesca no Delta do Danúbio: Letea
Pesca no Delta do Danúbio: Letea

A pesca artesanal fluvial é uma prática tradicional que ainda persiste em algumas regiões da Europa, principalmente naqueles países de menor desenvolvimento. Esse tipo de atividade é especialmente significativa em áreas como o Delta do Rio Danúbio, que abrange partes da Romênia e da Ucrânia. O delta é uma das maiores áreas úmidas da Europa, e abriga uma rica biodiversidade.

Nela, os pescadores utilizam embarcações pequenas e métodos simples, como redes manuais e armadilhas tradicionais, para capturar espécies de peixes de água doce. Na Romênia, regiões próximas a cidades como Tulcea e Sulina destacam-se por manterem vivas essas tradições. Segundo tradução do verbete Delta do Danúbio da Wikipedia em inglês:

Com uma densidade populacional média de 2 pessoas por km2, o Delta do Danúbio é uma das regiões menos habitadas da Europa temperada. Do lado romeno vivem cerca de 20.000 pessoas, das quais 4.600 vivem no porto de Sulina. O resto da população está espalhada por 27 aldeias, das quais apenas três, todas situadas marginalmente, tinham mais de 500 pessoas em 2002. A cidade de Tulcea, na borda oeste do delta, tem uma população de 92.000 habitantes (em 2002). Ela representa o nó da região e o portão para o delta.

O isolamento agudo da região e as duras condições de vida, baseadas principalmente na subsistência, fizeram do Delta do Danúbio um local de emigração, ou pelo menos de trânsito. Muito poucos dos nascidos na região permanecem lá até a idade adulta (...). A população total permaneceu mais ou menos constante ao longo do século 20; havia 12.000 habitantes na década de 1890 e 14.000 antes da Segunda Guerra Mundial. (Wikipedia, 2025).

Dentre essas possíveis 27 "aldeias" (na tradução automática do Google), destaca-se Letea, na Romênia, a qual está representada no mapa abaixo:

A respeito dela, um interessantíssimo documentário (provavelmente alemão) retrata, em inglês, a vida de uma família dessa vila (nome dado pelos produtores do vídeo, ao invés de aldeia, como existente na tradução do Google). Mostrando que a criação de gado, galinhas e porcos também fazem parte da economia familiar, o documentário ainda revela alguma preocupação com a conservação dos vegetais e a existência de uma pequena agricultura de subsistência e um pequeno comércio:

Fontes:
- Viaje Comigo. Descborir o Delta do Danúbio, Roménia. 2018.
- Wikipedia. Danube Delta. 2025.

Últimas modificações26/01/2025

janeiro 18, 2025

Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ)
Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ)

A Zona Oeste do Rio de Janeiro não é uma divisão oficial da Prefeitura da cidade, mas sim uma região que engloba as Áreas de Planejamento 4 (AP4) e 5 (AP5). Essas áreas representam divisões administrativas que auxiliam no planejamento urbano e na gestão de serviços públicos. A Zona Oeste destaca-se pela sua vasta extensão territorial, abrangendo desde áreas próximas ao mar, como a Barra da Tijuca, até as fronteiras norte e oeste com outros municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, além da Baía de Sepetiba.

A AP4 inclui, principalmente, a Região Administrativa (RA) da Barra da Tijuca, conhecida por seu perfil de classe média alta, além da RA de Jacarepaguá e da Cidade de Deus, com uma composição social mais diversificada. A Barra da Tijuca é uma área predominantemente voltada ao turismo, com residências de alto padrão, enquanto Jacarepaguá e a Cidade de Deus abrigam uma maior diversidade de classes sociais, com predominância de classes média e baixa. Esse contraste resulta em uma grande heterogeneidade econômica na AP4. Em termos de infraestrutura, a região é bem servida por importantes vias, como a Avenida das Américas e a Linha Amarela, e conta com uma presença ainda incipiente do metrô. No transporte coletivo, destacam-se os BRTs TransOeste, TransOlímpica e TransCarioca.

Já a AP5 apresenta uma configuração mais homogênea, com predominância de classes médias e médias-baixas. Ela abrange as Regiões Administrativas de Realengo, Bangu, Campo Grande, Santa Cruz e Guaratiba, sendo caracterizada por alguma atividade agrícola, contando com a maior parte dos cerca de 1100 estabelecimentos rurais do município, apesar de o Rio de Janeiro não possuir oficialmente uma zona rural. Em termos de infraestrutura, a AP5 é bem conectada pela Avenida Brasil e conta com transporte ferroviário que atende várias localidades. O transporte coletivo na região é complementado pelos BRTs TransOeste e TransCarioca, além de diversas linhas de ônibus que conectam as áreas da AP5 ao restante da cidade.

Assim, enquanto a AP4 é marcada por um perfil socioeconômico desigual e uma grande diversidade entre seus bairros, a AP5 se caracteriza por uma maior homogeneidade, tanto no que diz respeito à composição social quanto às atividades econômicas predominantes.

Na tabela abaixo, é possível entender melhor alguns aspectos dessas APs:

Zona Oeste
AP4

Jacarepaguá, Cidade de Deus e Barra da Tijuca
Perfil socioeconômico Bairros com maior concentração de moradores de classe média alta e alta, embora haja áreas diversificadas dentro de Jacarepaguá.
Características urbanas Predominância de áreas urbanisticamente planejadas e de condomínios fechados, com destaque para a Barra da Tijuca.
Densidade demográfica Na Barra da Tijuca, é moderada, com espaços maiores entre construções.
Infraestrutura Embora não seja atendida por trens, a região conta com melhor acesso viário, graças à presença de importantes vias, como a Avenida das Américas e a Linha Amarela. O transporte público é mais integrado com as áreas centrais da cidade, incluindo os BRTs e linhas de metrô na Barra da Tijuca.
Economia Concentra atividades ligadas ao comércio, serviços e turismo (um terço da rede hoteleira da cidade está na AP4), bem como grandes centros de convenção e shoppings de alto padrão na Barra da Tijuca.
AP5

Realengo, Bangu, Campo Grande, Santa Cruz e Guaratiba
Perfil socioeconômico Predominantemente de classe média e baixa, com bairros mais populares e historicamente operários.
Características urbanas Áreas com urbanização consolidada, mas menor infraestrutura comparada a outras partes da cidade.
Densidade demográfica Geralmente alta, com bairros residenciais e ocupação urbana intensa.
Infraestrutura É caracterizada pelo uso do transporte ferroviário, embora a malha de transporte de massa apresente diversas limitações. Além disso, alguns bairros têm pouca integração direta com o centro da cidade.
Economia Conta com muitas indústrias, especialmente em Bangu e Santa Cruz, que abrigaram importantes fábricas. Possui um importante setor comercial, embora seus consumidores se restringem aos moradores da própria AP5.

Fontes:
- Bruno de Freitas Moura. Agência Brasil. Zona oeste concentra uma de cada três empresas da cidade do Rio. 2023.
- Dayane Zimmermann. G1. Campo Grande, Zona Oeste do Rio, é o bairro mais populoso do Brasil, segundo IBGE. 2024.
- Diego Amorim. O Globo. Dentro da cidade do Rio, agricultores resistem e produzem coco, mandioca e cana-de-açúcar. 2021.
- Mariana Tokarnia. Agência Brasil. Imensa e desigual, zona oeste é 70% do Rio e tem 41% da população. 2023.
- O Globo. A expansão desordenada da Região Metropolitana. 2017.

Últimas modificações18/01/2025

janeiro 07, 2025

Alguns divisores da Baixada da Guanabara e de Sepetiba
Alguns divisores da Baixada da Guanabara e de Sepetiba

A Serra do Quitungo, a Serra do Retiro e a Serra da Posse estão localizadas no Rio de Janeiro (RJ), situadas exclusivamente na Zona Oeste do município. No shapefile do IBGE, essas três distintas serras são colocadas em uma única feição dos Maciços Costeiros Fluminenses.

Na busca por um nome único, considerando que aparecem como uma única feição da unidade geomorfológica citada, encontramos sérias dificuldades para chegar a uma definição.

Se aceitarmos que o Rio de Janeiro (RJ) é formado por seis grandes regiões geomorfológicas (conforme vimos aqui), sabemos que tanto a Baixada de Guanabara quanto a Baixada de Sepetiba possuem feições dos Maciços Costeiros Fluminenses (serras) em seu interior.

Contudo, há duas feições dos Maciços Costeiros Fluminenses que não estão situadas no interior do que consideramos as baixadas (da Guanabara, de Jacarepaguá e de Sepetiba), e que o próprio IBGE separou das três maiores feições dos Maciços Costeiros Fluminenses presentes no município (que são, como sabemos, as outras três grandes regiões de nossa classificação, formadas pelo Maciço da Pedra Branca, da Tijuca e do Gericinó-Mendanha).

Como então denominar cada uma dessas duas feições? Os nomes que adotamos são:

  • Alguns divisores da Baixada da Guanabara e de Sepetiba para a Serra do Quitungo, a Serra do Retiro e a Serra da Posse;
  • Alguns divisores da Baixada da Guanabara e de Jacarepaguá para a Serra do Engenho Velho e a Serra do Valqueire; você pode acessar, por enquanto, uma postagem apenas sobre a Serra do Valqueire, clicando aqui.

Tentando então caracterizar essa feição do Maciços Costeiros Fluminenses, vejamos então o que conseguimos:

  • A Serra do Quintungo é a mais ao norte, possui entre 249 e 251 metros de altitude e está muito próxima do Maciço de Gericinó-Mendanha. Ela é isolada da Serra do Retiro e da Serra da Posse pela Avenida Brasil. Está situada nos bairros de Campo Grande e Bangu;
  • A Serra do Retiro é composta principalmente pelo Morro do Retiro, do Cafuá, dos Coqueiros e da Bandeira. O ponto mais alto da serra é o Morro dos Coqueiros, que possui entre 228 e 235 metros. Está situada nos bairros de Bangu, Senador Camará e Vila Kennedy; e
  • A Serra da Posse é composta principalmente pelo Morro da Posse, do Luís Bom e das Palmeiras. O ponto mais alto da serra é o Morro da Posse, que possui 204 metros. Está situada nos bairros de Campo Grande, Senador Vasconcelos e Santíssimo.

Apesar de existirem muitos morros próximos a essas serras, que muito provavelmente fazem parte de cada uma delas, o fato é que, nas áreas de baixadas da Guanabara e de Sepetiba que estão próximas a essa feição dos Maciços Costeiros Fluminenses, a altitude média é de 50 metros.

Fontes:
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de Dados e Informações Ambientais. Geomorfologia. 2025.
- Mapcarta. Morro do Retiro, Morro da Posse e Serra do Quintungo. 2025.
- Wikimapia. Serra da Posse, Serra do Quintugo e Serra do Retiro. 2025.
- Yasmin Lima Friederichs. O sistema fluvio-estuarino da baía de Sepetiba preservado na estratigrafia rasa da plataforma interna adjacente (RJ). 2012.

Últimas modificações20/05/2025

janeiro 05, 2025

Serra do Valqueire
Serra do Valqueire

A Serra do Valqueire está localizada entre os bairros Jardim Sulacap, Tanque e Vila Valqueire. Muitos autores consideram importante nomear a Serra do Valqueire como distinta do Maciço da Pedra Branca, já que ela é mencionada diretamente como um dos três divisores de águas entre a Baixada da Guanabara e a Baixada de Jacarepaguá. Essa informação pode ser confirmada em trabalhos sobre as lagoas da última baixada, cujos limites da bacia hidrográfica são definidos pelo Maciço da Pedra Branca, o Maciço da Tijuca e a Serra do Valqueire.

Integram a Serra do Valqueire o Morro do Valqueire (com 311 metros), o Morro do Catonho (203 metros) e o Morro do Cachambi (270 metros).

O Morro do Valqueire faz parte dos contrafortes do Maciço da Pedra Branca e está localizado na zona norte do município do Rio de Janeiro, entre os bairros de Jardim Sulacap, Tanque e Vila Valqueire.

Esse morro apresenta altitudes próximas de 300 m, sendo separado do Maciço da Pedra Branca pela Estrada do Catonho, e faz parte de um conjunto de fragmentos que formam um corredor entre o PEPB [Parque Estadual da Pedra Branca] e o Parque Nacional da Tijuca. Apesar dos fragmentos de vegetação existentes nesse corredor se encontrarem cortados por estradas onde o tráfego é intenso, a área funciona como um stepping stone, considerando a conectividade funcional que proporciona, principalmente, para a locomoção de algumas espécies de aves e mamíferos voadores, e ainda para a dispersão de espécies vegetais (...). (INEA, 2013, p. 66).

Nas áreas de baixada em torno da serra, a altitude oscila entre 51 metros (a norte e a leste) e 25 metros (a sul).

Próxima à Serra do Valqueire, encontra-se a Serra do Engenho Velho, que inclui o Morro da Caixa d'Água. No mapa acima, é possível observar que a fronteira entre a Serra do Engenho Velho e a Serra do Valqueire é delimitada pela Estrada do Catonho.

Outra serra próxima à do Valqueire é a Serra do Inácio Dias, que segundo alguns autores, faz parte da Serra dos Pretos-Forros, que é integrante do Maciço da Tijuca. A Serra do Valqueire e a Serra do Inácio Dias são separadas pelo bairro da Praça Seca.

Quanto aos morros, próximos à Serra do Valqueire, podemos listar o Morro dos Afonsos, o Morro Tenente Acácio, o Morro da Rosa, o Morro do Silveira, o Morro Santa Rosa, o Morro do Túnel, o Morro do Jordão, o Morro do Planalto e o Morro do Mato Alto. Não sabemos a que serras (ou maciços) eles pertencem. Além desses morros, há outras que nos mapas não aparecem nomeados.

Além desses aspectos, é válido apontar que a Serra do Valqueire é protegida pela APA (Área de Proteção Ambiental) do Morro do Valqueire, que abrange tanto o Morro do Valqueire quanto o Morro do Catonho. Além deles, existe também a APA do Morro do Cachambi, criada em 2007.

Fontes:
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de Dados e Informações Ambientais. Geomorfologia. 2025.
- Instituto Estadual do Ambiente. Plano de Manejo do Parque Estadual da Pedra Branca - PEPB. 2012.
- Lea Piumbim Rebelo. Diagnóstico da qualidade da água do complexo lagunar de Jacarepaguá de 2001 a 2015. 2016.
- Lilaz Beatriz Monteiro Santos, Bruno Francisco Teixeira Simões e Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano. Ecoturismo e Conservação na Área de Proteção Ambiental do Morro do Cachambi, Rio de Janeiro: pela tessitura das vozes geopoéticas em trilhas. 2020.
- Mapcarta. Morro do Cachambi, Morro do Catonho e Morro do Valqueire. 2025.
- OpenTopMap. -22.90132 -43.37342. 2025.
- PeakVisor. Morro do Valqueire. 2025.
- Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Corredores de Sustentabilidade. 2021.
- Ruy José de Almeida Pernambuco, Luiz Eduardo Cunha Mello, Jane Fonseca de Souza Pitanga, Joaquim José Sombra de Albuquerque e Paulo Figueiredo Meira. Diagnóstico do Desmatamento nos Maciços da Tijuca, Pedra Branca e Gericinó, Município do Rio de Janeiro. 1979.
- Wikimapia. Morro do Cachambi, Serra do Engenho Velho, Serra do Inácio Dias e Serra do Valqueire. 2025.
- Wikipedia. Serra do Pretos-Forros. 2025.

Últimas modificações14/07/2025

janeiro 03, 2025

Complexo de Israel
Complexo de Israel

O Complexo de Israel está situado inteiramente na cidade do Rio de Janeiro (RJ), e em janeiro de 2025, incluía cinco comunidades. O complexo é cortado pela Avenida Brasil. Ao norte, estão situadas as comunidades de Vigário Geral e Parada de Lucas, que são contíguas. Ao sul, encontram-se as comunidades de Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas, que não são contíguas.

De acordo com o Mapa de Favelas do Rio de Janeiro (RJ), elaborado pela Prefeitura do município, os territórios ao norte incluem totalmente o Parque Proletário de Vigário Geral (definido pela mídia simplesmente como Vigário Geral) e também o Parque Jardim Beira Mar (geralmente identificado como Parada de Lucas). Ao sul, estão incluídas quatro comunidades em Cidade Alta (Rua Ponto Chique, Parque Proletário de Cordovil, Serra Pelada e Vila Cambuci), uma em Pica-Pau (Cordovil) e uma em Cinco Bocas (Brás de Pina).

Trata-se de uma área que vem passando por um processo de unificação das comunidades, apesar de seus territórios serem, em sua maioria, não contíguos. Essa unificação está sendo promovida por uma organização criminosa, o Terceiro Comando Puro (TCP), em torno da intrigante figura de um traficante evangélico. Embora a denominação "traficante evangélico" gere debates, o fato é que terreiros e igrejas católicas têm sido violentamente destruídos (no caso dos terreiros) ou têm seu funcionamento limitado (no caso das igrejas católicas).

De maneira mais ampla, pode-se afirmar que a territorialidade do Complexo de Israel ultrapassa os limites de suas comunidades. Nos bairros vizinhos, já se observa uma crescente perseguição a terreiros de umbanda e candomblé.

No mapa abaixo, é possível observar as cinco comunidades que compõem o complexo, segundo delimitação feita pelo G1. Observe no mapa a proximidade de parte do complexo (ao norte, com Vigário Geral e Parada de Lucas) com uma importante área da Marinha do Brasil: o Complexo Naval Caxias Meriti.

Além da violência exercida pelo tráfico de drogas, o histórico das comunidades também é marcado pela violência estatal. Enquanto a Cidade Alta foi criada para abrigar moradores removidos de favelas na Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ), Vigário Geral ficou internacionalmente conhecida devido a uma chacina que ganhou destaque na mídia.

Outro ponto que chama a atenção no complexo é o fator topográfico. Enquanto as comunidades ao norte estão, em sua maioria, situadas a poucos metros acima do nível do mar, a Cidade Alta, como o próprio nome indica, está localizada a mais de 20 metros acima do nível do mar. Por outro lado, o fato de que Vigário Geral está situado em um terreno de várzea do Rio Pavuna, próximo à Baía de Guanabara, agrava ainda mais os riscos de alagamento para essa comunidade.

Ou seja, em seu conjunto, o Complexo de Israel abrange territórios que enfrentam a violência tanto do tráfico quanto do Estado, além de estarem expostos a sérios riscos ambientais.

Fontes:
- Anderson Quack e Luiz Antonio Pilar. Remoção. 2013.
- Danilo Vieira. G1. Complexo de Israel: entenda como a violência dominou a área que, nos anos 60, recebeu os removidos de favelas no Leblon e na Gávea. 2024.
- Jefferson Monteiro. G1. Moradores do Complexo de Israel relatam toque de recolher imposto por criminosos. 2024.
- Lebo Diseko e Júlia Dias Carneiro. BBC Brasil. A expansão pelo Brasil dos traficantes que se veem como 'soldados de Jesus'. 2025.
- Letícia Mori. BBC Brasil. 'Narcopentecostalismo': traficantes evangélicos usam religião na briga por territórios no Rio. 2023.
- Wikipedia. Chacina de Vigário Geral. 2025.

Últimas modificações04/01/2025